EXERCÍCIO DE DESCONSTRUÇÃO

terça-feira, março 23, 2010 0 comentários

Acho que estou começando a entender a correria de todo mundo. Não tem um porquê. Tem um começo a partir de um momento que ninguém sabe explicar e deságua num momento que ninguém quer explicar.

Todos correm para ganhar dinheiro, certo? Não é tudo o que é preciso e que importa? Ganha-se dinheiro trabalhando muito, certo? (Estou falando das pessoas normais, certo?) Sobra muito pouco tempo, certo? Muitos pais e mães estão quase a ponto de terceirizar completamente a educação dos filhos, certo?

Drogas, violência e psicopatias sempre foram companhia humana, certo?Tem aumentado o número de jovens envolvidos em casos de violência, certo? Os pais não têm nada a ver com isso, certo? Afinal eles pagam boas escolas, dão conforto, roupas de marca, objetos de uso pessoal de última geração e o que mais os meninos e meninas solicitarem, certo? Os que não têm recursos provindos de trabalho ou berço de ouro recebem uma ajuda governamental, desde que provem que estão freqüentando uma escola, certo? Mesmo que isso não seja um indicador de futuro garantido em termos de inserção no mercado de trabalho e nas melhores universidades, certo? Essa é a maneira mais correta de se viver, segundo está espalhado por quase toda a coletividade, certo? Quando as coisas começam a não dar muito certo, tem-se então em quem e em que colocar a culpa certo? Afinal, não se está pagando? E não somos todos, em última instância, tratados como consumidores de tudo?

Então, se nada disso está certo, ponto para a tese que defende que uns nascem com uma índole má outros com uma índole boa. Se, por acaso, não houver durante o período de sua formação um sinal que indique de que lado essa pessoa estará no maniqueísmo humano e for previamente tratada, ela será tão boa que vai servir de modelo para a redenção do mundo ou então tão má que vai ser alvo de toda a ira expurgante que nos acomete quando alguém provoca perversidades que nos atingem diretamente ou de alguma outra forma que cause repulsa.

E está muito chata esta minha abordagem, certo? É assim mesmo a construção cotidiana da nossa intolerância: A repetição de equívocos em busca de respostas. Certo?

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