Como diria a mulher ao garoto

quarta-feira, março 03, 2010 0 comentários
Clown, Henri de Toulouse-Lautrec

Como diria a mulher ao garoto: - Há de ver muito na vida pra se descobrir que não existe certeza de nada. Você menino-bobo se acha palhaço único do circo dos sonhos, velando os risos da plateia com as improvisações desse papel. Saberás tarde ou cedo que nem tudo é improvisado, nem tudo é automático, instantâneo e assim de imediato. O tempo vai e vem sem existir como verdade própria quando se esquece de olhar pela janela dos ponteiros e números. O mundo, mais complicado ainda, está além de ser muito ou pouco quisto; encontra-se solto quando tocado de sutilezas e intrigantes incertezas. O certo da vida é a morte, e a morte é certeza única que ninguém quer, senão os desesperados pela vida. Pois é no desespero pelo amanhã, pela correção do erro, pela evolução das ideias, pelo avistar-se do mais alto ponto da terra que o homem prefere a morte à vida. É nesse instante de puro despertar para a sabedoria que deitar é melhor do que levantar, que fechar os olhos é melhor que abrir e ferir as pupilas com a crueldade que é o “mundo real”. Abra os olhos menino! ainda és novo para querer do mundo o absoluto sem ter passado por tantos caminhos. Mas tenha a consciência de que o horizonte é infinito e surreal.


Peter Zoster

0 comentários:

Postar um comentário

Followers

 

©Copyright 2011 Sinestesia Cultural | TNB