por Peter Zoster
Embora vagos e distantes, meus pensamentos sobre a literatura convém caber em palavras vorazes, por vezes, arredias antes esquecidas e rimadas. Cunho aos dedos tecer uma fina e leve prece aos santos poetas, pois parecem, antes de tudo, desplugados do novo mundo que nos cerca. Poetas ou não, somos de qualquer forma aliciadores. Cunhamos frases, rosnamos segredos destrinchados dos alvéolos quando por ora ainda houver pulmões.
Os novos literatos são tão novos e distantes e são tantos que não são ao menos populares. Cabe a essa corja (da qual faço parte) de gente oriunda de diversas raízes, propagar em blogs o que antes era somente para poucos – muito menos do que os poucos que hoje propagam – fonemas em sintaxe nem sempre perfeita. A fala da boca reduzida à escrita. Esses e outros transitam ainda pelas ruas, desconhecidos, desafogando qualquer sortilégio de escape com uma caneta esferográfica ou celular. Escrever não é mais difícil.
Parece-me triste ou até mesmo simplório pensar que minha arte talvez não seja arte alguma. E titubear espaços vagos pelo mundo das virtualidades, onde cara não é sinal de importância e expressão corporal não possui tamanha relevância. Deitar verbos em versos tônicos, sujar frases sem grafia, só símbologia. Todas as letras hoje em dia são iguais. Não haverá distinção enquanto não houver discordância. E poucos discordam.
Não sei se existe forma de se reconhecer na literatura atual algo que nos remeta a literatura do século passado. Não sei como a literatura se comportará, mas acho de antemão que uma nova literatura já existe. Sem muitos nomes em jornais, sem muito apreço comercial, sem muita divulgação. A nova literatura permite que os novos poemas, contos, romances e crônicas sejam em suma livres em seu tempo.
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1 comentários:
Acho que transitamos entre o vazio e a substância, cujo recheio literário ainda está por definir. A tecnologia fez um bem danado nesse sentido. Ainda seremos todos enquadrados de alguma forma (ou em alguma forma). A virtude que vejo é a do acesso mais fácil. Só não lê agora quem não conseguiu ainda tomar gosto ou não quer e continua preferindo a ilusória via do consumismo. Muito bom! Abraços. Paz e bem.
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