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quinta-feira, agosto 16, 2012 0 comentários
Cenas do filme: A Lista de Schindler

                                                       


                                                                            Poema de Akira Riber Junoro


Eu gosto tanto de ti
que dói,
como se gostar fosse coisa antinatural.
Como não,
gostar é coisa antinatural!
É contrariar o que somos de verdade:
bestas de quatro andando numa rocha solitária
em torno do sol
e nos ver como anjos,
que fugiram ao controle do Senhor
apenas para voar pelas nuvens
e comer nacos dela como se fossem algodão.

Eu gosto tanto de ti que sinto
o gosto da contradição
do meu instinto dizendo não, não, não,
enquanto meu corpo e alma imploram por sim
Porque a vida nos fez
para cuidar apenas de nossos umbigos
e de preferência controlar o umbigo dos outros
e gostar é correr o risco
de ter que escolher entre eu mesmo
e você
quando a escolha óbvia
sempre deveria ser: "Eu!"

Eu gosto de ti que peno
em pensar que, agora,
tenho o compromisso inadiável
de te ver feliz,
a responsabilidade de te cuidar.
E eu,
como animal que sou,
sei que inevitavelmente, às vezes, vou te fazer sofrer
e isso vai doer em mim como se eu tivesse algo a ver com você.
Tal um lobo que por doidura
- pena da ovelha -
optou em morrer de fome
e mastigar grama inutilmente.

Você só me faz engasgar!
Ter raiva de não ser perfeito.
Levantar o punho contra o céu vazio
como a me questionar ao silêncio
a razão dele nunca responder.

Por tua culpa traí a natureza
o que o universo me fez ser
e considerar outra coisa
além de mim mesmo.

Gosto tanto de ti
que um dia vou te perder numa curva;
numa avenida sem movimento
ou na multidão de eventos
e neste dia saberei
que aquilo que me fazia rir naturalmente
e sentir tesão pela vida
era na verdade coisa tua
não minha.

(Akira Riber Junoro. Meu lema: Cinema!. 11/agosto/2012. 15h17)
Akira RiberJunoro autor de poemas, prosas, ensaios e manifestos. O poe-prosista diz "O que escrevo é transição, não eternidade." , "O ato de compor é como remeter uma carta reveladora/Endereçada ao meu Eu futuro." Professor desde o rebento e sem identidade certa. Em breve um comparsa de um novo espaço cultural denominado por Recado para Qualquer Ouvinte. 

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