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Salvador Dali |
por Flor
de Lis (Lis Celma Arantes)
lis.celma@gmail.com
A idade traz consigo uma coisa
perniciosa, nefanda, malígna, um ranço que vai se acumulando sobre nós e
formando camadas, feito cracas num navio. Essa coisa se chama ceticismo. É preciso tomar cuidado, é preciso prestar atenção para que o
ceticismo não se acumule sobre nós,
pois isso nos fará perder completamente a ilusão e a fantasia. O que nos mantém
vivos e esperançosos é a ilusão de pensar que tudo vai mudar para melhor. Vivo
iludida com um futuro melhor, com a possibilidade de viver outro grande amor, com a felicidade
e a paz espiritual. A ilusão me faz
acreditar que vale a pena viver, que vale a pena correr atrás dos sonhos. A
ilusão me faz crer que só o bem é bom,
que é melhor rir do que chorar, que é melhor sonhar do que viver intensamente a
realidade. O sofrer é causado pela falta
de ilusão. Não há nada mais cruel do que a realidade ou a verdade. A verdade é difícil de ser digerida, assim a
seco, é preciso umidecê-la com um pouco de ilusão. E a idade vai nos tirando a ilusão e nos deixando céticos e cítricos. É que pela
experiência adquirida já sabemos de antemão onde esta atitude vai nos levar. E
a juventude com todo aquele encanto, euforia, animação e ilusão nos causam
enfado, pois já sabemos que mais da metade dos seus sonhos gourarão logo no
início.
Ando tão ácida, tão corrosiva
ultimamente! Já estou naquela idade em
que posso dizer francamente qual a minha opinião a respeito de qualquer questão.
Não preciso mais da aprovação do grupo, não preciso mais de ser a mais popular da turma. Nunca fui,
não sou nem pretendo ser a miss simpatia. Dou-me o direito de escolher com quero me relacionar. Amizades
verdadeiras fazemos na juventude (via de regra), então, sendo assim já tenho um
bom lote de amigos de muitos anos. Se der, mas só se der mesmo, farei novos e bons
amigos. Ainda não estou completamente desiludida, afinal, meu círculo de novos
amigos tem aumentado bastante, nos
últimos tempos, talvez desse círculo saía uma grande e verdadeira nova
amizade.
Flor de Lis, começos de 2012
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