HAI- CÃES UIVANTES

terça-feira, fevereiro 28, 2012 0 comentários


Foto: Cássio Amaral.



UM TROVÃO INSTIGA O UIVO
A NOITE CAI EM MOSAICO
NO VERSO LATIDO DE UM PÁRIA


tirar leite das pedras

pisar na velocidade da luz

extrair a raiz sisuda do futuro.



CATADOR

catando palavras

desvirginando a métrica

endoidando a sintaxe.
21/01/2005







CAFÉ À BAUDELAIRE

lápide tatuada na alma

a [1]lowcura é santa

o sonho é café entorpecido
5/6/2005.




dois e dois são cinco

no meio do céu um eclipse

torturando o léxico incontrastável.







LOUCO            LOCUS            LOGO
ZEN                  ZERADO        ZEBRADO
PÓLEN             POEMA              FALADO

05/08/03













raio de sol
na página traçada
filtro de luz na madrugada.


05/08/03




endoidar as metáforas
      para comê-las com hipérboles
safadas e ávidas de metalinguagem.

11/01/2006.




galinha réptil
minhoca tem pena
imprecação da gargalhada do saci
04/07/2007.
















urro desatento de Michel Foucault
na lua negra
ponto G no êxtase das estrelas

29/07/07




cabala clara mandala faísca risco
noite mãe da inquietação
rasgo imprevisto no fundo visto

.
29/07/07




todo dia me suicido
lembrando que nunca envelheço
meu preço é ser inocente

28/05/2005





aturdido no meio do caos
risco um fósforo no asfalto
e encontro um poema anômalo.

















UNI - VERSUS

I
cabeça de Andrômeda
corte  de estrelas cadentes
banho  na via láctea do inominável

II

olho de Galileu
tatuando a pele do universo
pirâmide da alma dos tempos




flores azuis cogumelos
vomitadas de deuses satíricos
hoje há festa no céu.


NIHÔNICA[2]

um samurai vê o lago
a noite brinda o silêncio
quando a lua sorri nua.



BASHÔ SUPRASSUREAL

flores piscam raios de setembro
vermelho diz a direção
quando a tela é o sol nascente







rola um blues
que Deus nos preteja
a alma reluz azul.








Rimbaud no estilhaço das nuvens
Frank Zappa profetizando
o teatro mágico de rifes psicodélicos




violetas desaguadas na calçada
            pálpebras da cinza do dia
            reflexo do choro  na aurora de Maiakowski


ENTEN KATSUDATSU[3]

            cortar o molde das nuvens Rimbaudianas
            cheirar os sóis de Van Gogh
            queimados de poemas despojados.




YUME[4]

            reflexo no mar de Chagall
            nuvens conspiram absinto
            na noite engolindo o céu azul

           
Cássio Amaral


[1] Lowcura é referência ao blog de Rodrigo de Souza Leão.
[2] Nihônica vem de Nihon que significa Japão. Pode ser dito também Nipon.
[3] Enten Katsudatsu quer dizer Versátil, livre e desimpedido em japonês.
[4] Yume que dizer sonho em japonês, vem da palavra Yumei mundo espiritual.

 In : Sonnen - 2008.
JAR Edições
Araxá-MG
ISBN: 978-85-902875-5-1

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