Foto: Cássio Amaral.
UM TROVÃO INSTIGA O UIVO
A NOITE CAI EM MOSAICO
NO VERSO LATIDO DE UM PÁRIA
tirar leite das pedras
pisar na velocidade da luz
extrair a raiz sisuda do futuro.
CATADOR
catando palavras
desvirginando a métrica
endoidando a sintaxe.
21/01/2005
a [1]lowcura é
o
5/6/2005.
no meio do céu um eclipse
torturando o léxico incontrastável.
LOUCO LOCUS LOGO
ZEN ZERADO ZEBRADO
PÓLEN POEMA FALADO
05/08/03
raio de sol
na página traçada
05/08/03
endoidar as metáforas
para comê-las com hipérboles
safadas e ávidas de metalinguagem.
11/01/2006.
minhoca tem pena
imprecação da gargalhada do saci
04/07/2007.
urro desatento de Michel Foucault
na lua negra
ponto G no êxtase das estrelas
29/07/07
cabala clara mandala faísca risco
noite mãe da inquietação
rasgo imprevisto no fundo visto
.
29/07/07
todo dia me suicido
lembrando que nunca envelheço
meu preço é ser inocente
28/05/2005
aturdido no meio do caos
risco um fósforo no asfalto
e encontro um poema anômalo.
UNI - VERSUS
I
cabeça de Andrômeda
corte de estrelas cadentes
banho na via láctea do inominável
II
olho de Galileu
tatuando a pele do universo
pirâmide da alma dos tempos
flores azuis cogumelos
vomitadas de deuses satíricos
hoje há festa no céu.
NIHÔNICA[2]
um samurai vê o lago
a noite brinda o silêncio
quando a lua sorri nua.
BASHÔ SUPRASSUREAL
flores piscam raios de setembro
vermelho diz a direção
quando a tela é o sol nascente
rola um blues
que Deus nos preteja
a alma reluz azul.
Rimbaud no estilhaço das nuvens
Frank Zappa profetizando
o teatro mágico de rifes psicodélicos
violetas desaguadas na calçada
pálpebras da cinza do dia
reflexo do choro na aurora de Maiakowski
ENTEN KATSUDATSU[3]
cortar o molde das nuvens Rimbaudianas
cheirar os sóis de Van Gogh
queimados de poemas despojados.
YUME[4]
reflexo no mar de Chagall
nuvens conspiram absinto
na noite engolindo o céu azul
Cássio Amaral
JAR Edições
Araxá-MG
ISBN: 978-85-902875-5-1
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